segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O amor

O amor não é um gesto que se tenha, que se tome simplesmente de supetão...é devagar como um pensamento que se complexifica até ficar tão simples, diminuto, que só resta amar sem perguntas que fazer ; é mais um aceitar daquilo que é, mas já sem expectativas, senão a graça de se doar, de querer bem até o infinito.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Flash Revelador

Aquele dia não fora como os outros. Fora com encanto como não poderia deixar de ser, mas tivera uma fúria; não saberia dizer se por uma ideia qualquer de despedida, ou uma abstinência de longo tempo. Sim, de conjunção carnal, destas que rompem a delicadeza do gesto, no esquecimento do outro, não por maldade; a ela pelo mesmo não parecia. O próprio sentimento do egoísmo não é forma que se condene, posto serem todos quase sempre egoístas ou eminentemente egoístas. Difícil sair de si e olhar para o outro, guardar um espaço no pensamento para vislumbrar o exterior que pode se revelar tão profundo, tão inesperado e assustador. O que vai por dentro é sempre ânsia de si, sendo assim, egoisticamente forjar o de si para si nesse instante que poderia ser muito mais troca já deixou de ser contingência para se tornar habitual; um cotidiano cego. Nem ela nem ele estavam a salvo, eram reféns do pensamento fixo de si para si, nessa alternância de quem se confunde no desejo de entrar e sair, com a crédula vontade de estar nos extremos para enxergar melhor, como se o meio não fosse infinitamente mais exato, o ficar na fronteira. Assim, era o sexo, esse diálogo mudo de buscar uma satisfação infinita ainda que por momentos muito mais na fuga do que no encontro com o outro. Fora assim, uma violência consentida, para ver até onde iria esse furor de si; uma luz para ver melhor, um quadro para criar uma visão mais clara do de si, para que não houvesse sempre confusão. Não se tratava de possessão ou admiração mais, era uma análise inicial após tempos de cegueira visionária, pois que cada escuridão guarda iluminação, embora não se saiba exatamente o que se ilumina, onde está o foco, o flash revelador.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Povoar é amar

Talvez seja a chuva chorando meu exílio próximo. Talvez um livro sacado da estante da livraria por palavra e coincidências obscuras, inexplicáveis. “Tempo de delicadeza”, de Afonso Romano de Sant’Anna, veio assim para presentear de supetão e caiu-me na mão para falar dela mesma, a delicadeza, antes da sessão d’Os Intocáveis no cinema em companhia de minha mãe e minha prima. Hoje escuto a chuva e rememoro esse tempo de indelicadeza. É, por certo, culpa dela, o desamor. É culpa dela a colonização que dispersa o delicado povoamento, daquele que chega de manso, ‘primeiro nos espaços públicos’, como diz Afonso, para depois povoar a casa e o corpo contido nela, seus estranhamentos e nuances. Fui indelicada em não socorrê-lo diante de tamanha dor de cabeça naqueles idos do início de tudo. Dispersei-me no indelicado modo de negar o ânimo para qualquer momento de conviver. Por ser terra, floresci o que havia em mim de sôfrego e me pus a queixar. Deixei-me colonizar como terra que se descobre sem que as riquezas sejam conhecidas. A indelicada colonização. Tentei colonizá-lo também, em vão, pois você já era o colonizador por já ter colonizado outras terras. Quis também povoar você e não consegui. Irritei-me com a sanha de poder ser algo como encanto para você, enquanto você me colonizava, desatenta e indelicada terra de ninguém. Agora ainda é sua terra; mas hoje há nela ‘veias que se abrem’ a verter um líquido pegajoso e tinto, frações minerais mercuriais que pretendem lavar o ouro, mas só conseguem juntar-se a ele nessa imprecisão. Nem sei mais se há riqueza nessas terras, aluviões?! Apenas penso que fui indelicada, por isso, pouco restou de você em mim; sempre há outras terras a colonizar. Agora povoar carece paciência, quase acanhamento de entrar pelos limites entre a porta e a rua, uma cerimônia só sentida por dentro. Povoamento carece delicadeza. Despi-me inadvertidamente, crendo que colonizar não doía tanto assim, mas restou pouco daquele verde imenso, habitado e lúdico. Nem sei se ainda é deserto, mas talvez um cerrado a caminho da caatinga, com suas tortuosidades, plantas salvadoras de reservas hídricas espaçadas, a florescer com custo. ‘Um deserto vivo?!’ O custo de colonizar, indelicadamente colonizar. Almas são terras vivas de plantar e colher com a cadência de cada tempo, povoar. Povoar é amar.

sábado, 13 de outubro de 2012

O cheiro

Cheiro remete a lembranças. Boas ou ruins, foram muitas reminiscências a revelarem-se sob a forma olfativa nele. Mas seguramente, desta vez, o cheiro veio mais forte, pesado, metálico, o que de fato, fizera com que qualquer relação com sua memória se fizesse irrelevante diante da densidade miasmática que sofrera naqueles dias. O que mais o indignava era a solidão daquele sentido, daquele olfato, que embora fosse constantemente anunciado, não era acolhido. Ninguém mais sentia o tal cheiro na casa. Então ele tergiversava sobre as possibilidades daquelas improváveis insensibilidades. “Talvez já se tenham acostumado tamanha a impregnação do cheiro.” Havia realmente uma oficina por perto, onde com freqüência parecia serem processados metais, soldas e arremedos metalizados. “Mas viria mesmo de lá o cheiro? Insuportável!!! Inadimissível!!! Irrespirável!!!” Era quando saía de casa já com a triste sensação de voltar e sentir o cheiro novamente. Já não seria sentir, seria respirá-lo, posto não haver sequer chance de distinção dos outros cheiros, outras recordações. Tinha uma breve sensação de loucura, pois que o cheiro era irrevogável e poucos sentiam. Curiosamente, o que era motivo de pensar e lembrar, o cheiro, embotava esses verbos memoriais e o empurrava para fora num expirar ofegante e num fugir de casa a vagar sem hora de retorno. Até que finalmente, seu irmão vindo de outra cidade percebera o cheiro metal e confirmara seu caráter detestável. “Não, não estava louco.” Mas após esse alívio parcial de loucura ‘inconfirmada’, o cheiro odor permanecera. Era onipresente, tudo via, tudo sabia, porque estava em todos os cantos a transgredir a sublime natureza daquilo que se incorpora ao ar, os aromas que se diluem com a brisa. A toxidez do cheiro invadia as narinas e escorria pelos seios da face até encontrar o caminho do gosto. Cheiro e gosto faziam par. A audição da memória e da realidade ensurdecia. Era o cheiro fazendo morada, cilada. Era a vitória do cheiro diante dos inúmeros horizontes dos sentidos, quase um ecoar de limites impostos, uma metáfora assustadora para uma realidade inflexível, o cheiro...

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Assaz encantadora

Em verdade?! Encanto-me é com a sua liberdade! É ela que tento sorver de você e que me embebe. Fico úmida no meio da secura asséptica do cotidiano, do comum esperado por todos. Não sou vadia, não sou santa; é só uma permissão que me dou, talvez de vadiar e me santificar pelo inesperado. Viver o presente é como um crime, uma degeneração; assim muitos vêem. Esse crime muito me atiça, porque não é planejado, não é sequer uma psicopatia, mas é de uma loucura fugaz e ao mesmo tempo pegajosa, como um gozo que se quer repetir.

domingo, 26 de agosto de 2012

Língua insana

Disseram-lhe repetidas vezes que nem mesmo um pouco de insanidade valia o instante, pelo perigo que houvesse, por provocar a ausência de proteção da realidade submersa. Eclode a fluidez na língua, que se torna inspirada, sem qualquer opacidade. Ela, a língua torna-se malfazeja por revelar tortuosidades da alma a dizer de si e do outro, do mundo. Ela inscreve nas palavras o gosto da imprecisão, mas goza de uma justeza na representação do sentimento, que jamais um só período de sanidade poderá revelar. É motivo de invenção para tudo que já foi sentido e silenciado; pede uma representação, uma compreensão dita, que soa conspurcada e indecente quando insana. E a insanidade não é necessariamente um tipo alucinógeno, senão um estado de ser de sensibilidade a gritar em som abafado e rico em harmonia, inquietação e agonia. E essa deveria ser a real razão de dizer, sem revestimentos gramáticos, sem repressões. Assim, seriam as palavras orgásticas nas cordas da língua, mesmo em desarmonia, significantes, destoantes da aparência, uma denúncia de ser e perceber. Que liberdade não precisar dizer em vão apenas para preencher as falhas insalubres da vergonha, do disfarce da realidade. Quase um ato de amar uma possível verdade, sincera manifestação do espírito, arrebatamento; a língua em crise, fugitiva de condições determinadas, de mentes acorrentadas.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Sem fim: um pouco sobre On The Road

Em que lugar vai dar aquela estrada sem fim, de curvas pouco sinuosas, declives e aclives suaves a penetrar a vegetação árida, por vezes nevada sem deixar nunca a aridez? Seria na verdade a secura da alma a verter toda sorte de encontros imprevistos, de digestivas indigestas substâncias alucinógenas? De amizades e amores parcos e loucos por anunciarem sempre o fim, ainda que houvesse sempre um trago a mais que sorver, o final do fluido ou o início quem sabe, na dúvida permanente do copo pela metade; prestes a acabar ou a ser preenchido? Um novo encontro, embora sempre velho. O livro On The Road, de Jack Kerouak pareceu-me assim, mas diferentemente do filme recentemente visto ao lado da minha mãe, traz uma compulsividade infinitamente mais frenética, uma loucura imanente e iminente, enquanto o filme resumiu-se a retratar crises, pequenos clímax do livro diante da estrada sem fim, quando, é claro, a imagem pudesse render algum tipo de assombro ou exotismo, sem exageros, devo admitir. Asseguro que minha mãe manteve-se aparentemente com o olhar fixo na tela; penso que queria perscrutar a próxima curva, onde ia dar, para depois me dizer se alguma chegada valeu. O manuscrito é como uma montanha russa; uma monotonia sórdida, natural da vida de qualquer um, e uma súbita busca indeterminada, do incompreendido apenas para alguns, os mais ousados ou porque não dizer alucinados categóricos, ilegais. Curioso é como os lugares retornam e são sempre obrigatórias passagens ou chegadas triunfais, repletas de expectativas. Os lugares têm vida, os personagens querem viver ainda que custe a morte. Esqueçamos da alucinação alienada, legal, mas sem esquecê-la totalmente. O mundo ‘paralelo’ do ‘autor e seus ‘comparsas’ nem mesmo hoje soa como natural, pelo menos para os conservadores, para não dizer a maioria que nos rondam. E aonde fica a sobriedade que resguarda a sobrevivência digna, ainda que indignamente tristonha? Como encontrar em meio à realidade de dentro e de fora essa alucinação legal, saudável e asséptica? São essas perguntas que Kerouak fez nas entrelinhas. O diretor Walter Salles deu seu recado, dada as limitações da adaptação para um obra tão repleta de movimento; ou ficava na estrada ou ficava nos lugares ou ficava nas pessoas. Precisou fazer os três e perdeu a profundidade até mesmo da superficialidade em alguns momentos. O tempo exíguo deixou o manuscrito sem grande expressão na tela, mas digestivo. Bonita fotografia, jazz, bop, blues; negros fabulosos, virtuosos na voz, no toque instrumental, na dança. Menos que no livro é claro. Não deu tempo para tanto sexo, drogas e rock n’roll. Minto, talvez um certo desequilíbrio a favor das sessões alucinógenas. Mamãe não teceu grandes comentários. Adolescente nos anos setenta, nem de longe soube o que significava beat, hippie. Foi apenas uma moça interiorana com rebeldia escondida. Acho que continua rebelde latente. Penso que ela não acharia mal ir pela estrada sem fim.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Turbulências

Poderia ousar, insistir sobre as tantas complexidades de sentir que a envolviam, até das insensibilidades, dos momentos em que uma vaga qualquer se interpunha e os significados sumiam. Mas todas as vezes que se postava assim nesse movimento pendular entre o sentimento vivo e a ausência encontrava um labirinto, um entremeio no estilo processual, instável e subitamente lógico de tudo que “sentifica” e nega também a existência quase sempre imaginativa, criativa, que transborda a realidade. Tudo por conta desse sentir em significação, nada mais que a percepção em emoção, transmutada na imprecisão, na vã tentativa de explicar o estranhamento e sua falta, dada a sua subjetividade imanente. Era dentro que tudo se dava, numa interioridade sufocante a carecer de um estômato, de uma tranqüilidade vegetal que fizesse uma troca sutil com o externo tão indecifrável, o qual ela arrogantemente sonhava submeter sem verdadeiramente compreender. Assim, ela se colocava na dianteira e no final da fila a cruzar os olhos estupefatos naquela composição de linearidade falsa, de complexidade escondida de todos os fatos narrados, das histórias classicamente classificadas de trágicas, comedidas, hilárias; uma aflição permanente das categorizações estáveis, de tudo que a fazia sumir, sair do lugar sem encontrar outro; turbulências.

sábado, 2 de junho de 2012

'Anunciada'

Quase adentrou o cômodo, a sala de visitas, com aquela sua maneira sorrateira, de quem, quase sempre, recolhe-se no próprio quarto; uma existência discreta, sutil. Insinuou-se na quina da porta em uma noite dessas, cruzou os olhos da sobrinha esparramada na poltrona e anunciou: ‘morreu o Pedro B.’ ‘Quem?’ ‘O da padaria onde compro pão. A moça, a filha, está chorando. Ouvi da minha janela.’ ‘Estava doente não é; hospitalizado já?!.’ ‘Sim, estava, mas foi de velhice mesmo.’ Era assim; todas as vezes que recebia a notícia de uma morte nos últimos tempos. Parecia recear o anúncio da sua despedida. Ficava contrariado com o decreto que vinha com o envelhecimento; o certo fatal, a morte que espreitava todas as pessoas de sua história, conhecidos, íntimos e familiares. A velha e sabida máxima ‘quando novo não se vai, de velho não se escapa’. Não deixava de ter sua graça esse seu jeito de dizer como a exigir do outro esse compartilhamento da decepção diante do fim, do término que de fato era um ponto desprezível diante do acúmulo das lembranças de vida. E assim morre o homem na tentativa de ser, ainda que tenha até o último instante de decadência física, grato pela saúde da consciência tão gabada por todos, mas no fundo sonhando a insanidade, por pesar imenso de ver ‘a morte anunciada’.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Duplo

Jamais se esqueceria daquela imagem projetada, sem contudo, por instantes, ater-se à primeira, a de origem. Era o reflexo no espelho que lhe dava a percepção da forma em posição fetal, quase um retorno ao útero materno, embora, agora, de dimensões incoerentes com aquela realidade pré-natal. De perto, a imagem parecia maior e apresentava uma expressão distante, como em sonho. O reflexo não; era próximo como um afeto, o desavisado desprendimento de quem não se vê, mas é visto à revelia. Um estado de arte, tamanha a sensação provocada naqueles olhos em espreita. E toda aquela epifania a gritar por dentro provocava um sufocamento para não desmanchar o feto, o enlace do tronco e das pernas, naquele enrosco divino, naquela respiração de quem ainda vai nascer. Um estranho afastamento em aproximação era o que ocorrera naquele momento; o exato entrelugar que por suposto fosse a verdade cambiante, a imprecisão da vida. Ou seria uma aproximação em afastamento?! Era perto e longe que tudo ficava claro, no reflexo da imagem e não na própria imagem. Não era uma pintura, mas uma sombra em cores e contornos precisos, enquanto nos olhos jazia uma revelação, uma outra metade inteira, entretanto, fetal, prestes a abrir o olhos, a chorar e desfazer-se em pernas e braços desalinhados, a ser o que era fora do reflexo. Guardou aquela projeção e sempre que se mirava na origem, no palpável dele, anterior ao espelhamento, fechava os olhos e vasculhava o instante do feto, e a epifania, a maravilha do duplo, retornava.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Alquímico

Amo-te. Amo-te? Amo-te. Por vezes, porém, chego a pensar se não amo a mim mesmo nesse momento de amar. Se não é a mim mesmo que devoto tanto amor, pois que vejo-me em estado inusitado de descoberta que caminha por extremos diante de ti. Olho-te com olhares de lupa no detalhe; um macro captado no instante, belo e irreconhecível. Olho-te também em amplitude a se desfazer diante dos meus olhos rasos, enquanto uma química insondável se faz nos invisíveis sons, cheiros, sentidos; uma explosão alquímica, imprevista. Não valem declarações, valeriam mais os gestos, mas esses se escondem na surpresa. A cada dia é assim; uma partícula recuperada de mim, uma percepção inaudita, um mundo aberto. E todos os arredores de nós para mim são esse tubo de ensaio, essa energia cambiante, de delírio alegre e triste. Por quê? Devo a você? Devo a mim? Chego a crer em uma onda gigante, fluida, escorregadia. Chego a crer em um tubo milimétrico, constante, em sufocamento. Recolho essa mistura e teimo em fazê-la palavra, enquanto ela escapa na boca do ensaio a caçoar de mim, a ironizar meu despreparo diante de sensações corriqueiras para tantos. Pobre de mim. Rico de mim. Ora, se não há riso, o que há? Rio-me de mim; sou rio a correr por entre vales de música encantada e frestas em penumbra, roucas. Amo-te por amar-me nesses indeléveis instantes em mim.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Não me peça

Não me peça pra racionalizar essa questão. Por favor, não me peça! Não se trata de lógica, de pertinência, de padrões esperados, de conjunturas convenientes. Por isso, não me peça para evitar sucumbir a qualquer chamado que me abra o sorriso de alegria, a qualquer sensação que anseio por descobrir, a qualquer tristeza. Por isso, eu lhe peço; não me peça! É justo e digno meu pedido! Não compreendes, bem sei... E quem poderá do outro saber por dentro o que vai? A perfusão de percepções inauditas, por inexistência de vocábulos precisos? Não adianta; já lhe disse. Não tenho como explicar os redemoinhos que me levam, os assombros instantâneos que me pegam inerte, sem pensamentos cabíveis, de antemão postos para a ação esperada. Não, não se trata de automatismo vão. Trata-se do voluntarioso inconsciente que abafa as obviedades de fazer. Não, não sei fazer, por hora tento aprender fazer o que em minha alma fala. E por que me diz assim, tão duramente, sobre cegueira? Pois que vejo tanta claridade nesses descaminhos encontrados? Talvez me valha mais os descaminhos do que esses já trilhados nas imaginações de expectativas. Compreendo você. De verdade! Não são falsas minhas afirmações, minhas concordâncias. Quando falo com você busco a sua razão, o seu entendimento. Não refuto, até concordo. Mas dura o instante esse meu assentir. O segundo que vem após é um emaranhado de sensações ilimitadas, potenciais. Então me diz; é cega a emoção, como uma condenação. Que dureza nessas palavras; cegueira e cega emoção. Como se os olhos em todo momento se mirassem em um único objeto, perfeitamente limitado, sem ângulos, inexistente. Sempre essa tentativa de fazer ver o que convém, o que os seus olhos vêem. Não, não quero dizer que haja más intenções. Até as vejo benévolas. Mas de novo lhe peço, não me peça pra racionalizar essa questão...