quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Não me peça

Não me peça pra racionalizar essa questão. Por favor, não me peça! Não se trata de lógica, de pertinência, de padrões esperados, de conjunturas convenientes. Por isso, não me peça para evitar sucumbir a qualquer chamado que me abra o sorriso de alegria, a qualquer sensação que anseio por descobrir, a qualquer tristeza. Por isso, eu lhe peço; não me peça! É justo e digno meu pedido! Não compreendes, bem sei... E quem poderá do outro saber por dentro o que vai? A perfusão de percepções inauditas, por inexistência de vocábulos precisos? Não adianta; já lhe disse. Não tenho como explicar os redemoinhos que me levam, os assombros instantâneos que me pegam inerte, sem pensamentos cabíveis, de antemão postos para a ação esperada. Não, não se trata de automatismo vão. Trata-se do voluntarioso inconsciente que abafa as obviedades de fazer. Não, não sei fazer, por hora tento aprender fazer o que em minha alma fala. E por que me diz assim, tão duramente, sobre cegueira? Pois que vejo tanta claridade nesses descaminhos encontrados? Talvez me valha mais os descaminhos do que esses já trilhados nas imaginações de expectativas. Compreendo você. De verdade! Não são falsas minhas afirmações, minhas concordâncias. Quando falo com você busco a sua razão, o seu entendimento. Não refuto, até concordo. Mas dura o instante esse meu assentir. O segundo que vem após é um emaranhado de sensações ilimitadas, potenciais. Então me diz; é cega a emoção, como uma condenação. Que dureza nessas palavras; cegueira e cega emoção. Como se os olhos em todo momento se mirassem em um único objeto, perfeitamente limitado, sem ângulos, inexistente. Sempre essa tentativa de fazer ver o que convém, o que os seus olhos vêem. Não, não quero dizer que haja más intenções. Até as vejo benévolas. Mas de novo lhe peço, não me peça pra racionalizar essa questão...