Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
segunda-feira, 9 de novembro de 2015
Vastidão
Pensara que sofria de vastidoes; enganara-se por certo. Vastidão era o além do além, algo que emergia pra submergir em seguida; não apenasmente seus passos longos de sonho até o infinito. Na vastidão cabia finitude de cada dia, limites adoráveis cobertos de gestos insuspeitos, silêncios e gargalhadas, sustos e encantamento. Vastidão não cabia na palavra, escorria rio e aportava e navegava . Era o bico enviesado da canoa com custo endireitado e depois o sossego do prumo por instantes. Era a voz que guardava o caminho desconhecido, o pai e o filho, a atitude matriarcal de cada dia, os ninhos escondidos, as fugas do olhar, os mergulhos de olhos em ondas de mar e mansidão de lagoa. Vastidão era retidão também; delicadezas em tempo vivido sem pressa, coração em sobressalto e calmaria, medidas sutis inauditas, sentidos de faces raras e tão comuns e tão exóticas. Vastidão é desmedida que não sufoca e desespera, é medida que chega em tempo de acalento.
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