segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Passageiro

Déni era e não era um cavalheiro quixotesco,
Não tinha cavalo nem escudo,
Mas sonhava,
Manuseava rifles,
Voava na imensidão,
Atirava sem compaixão,
Defendia sem restrições,
Amava o selvagem de si,
O selvagem do outro;
Déni era livre,
Civilizado,
Incivilizado para datas,
Não queria compromisso com nenhuma Dorotéia,
Ou qualquer título de nobreza,
Ou dotes fabulosos;
Mas Déni amava fábulas,
Para ele os bichos eram melhores que gente,
Porque não tinham incertezas,
Somente eram certas as suas predestinações,
E a fala no olhar era mais palavra neles,
E os sons que emitiam tinham o ritmo para o momento exato;
Déni sabia que não era eterno,
Devia gostar dos contratos de prazo certo,
Mas odiava todos,
Fadados que eram aos limites do tempo,
Aos interesses do tempo,
Às posses descomedidas,
Às incertezas do poder e do amor;
Déni era passageiro...
E não comemorava datas...

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