Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Casabarco
Ela sonhara que morava numa casabarco, e nesse navegar sem fim em oceano, sem porto qualquer, ela se perdia e se encontrava apenas por instantes. Eram tão insolentes, porém, esses momentos, tão absurdamente graves, que nela ficavam marcas de encontros e desencontros, tão precisos e precisados. E se o mar avançava por terra ou cruzava um rio a beirar o continente, ela de súbito pressentia uma idéia vaga qualquer de solo firme, estranhamente movediço, cheio de angústia. E a sensação de tanta prisão por ficar, aportar, fazia com que ela volvesse o leme pra no mar ficar. E a casabarco já era parte dela, exatamente por não ser casa, apenas barco intruso na imensidão, enquanto seu corpo era corpo que passou, como o barco passou. Sua casa se fingia de barco, ela se fingia de navegante, enquanto toda fluidez por si passava, toda fluidez de si escapava e caía no mar. Então ela era mar, era amar cada vaivém pra se aprumar.
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10 comentários:
... e nesse vaivem se constrói a vida.:):) Lindo, Keila.
Eu já tive uma casabarco (metaforicamente).
Olá, Keila!
Seu blog é muito bom, adorei!
Quero aproveitar para te convidar a conhecer meu blog também e participar da Promoção 1001 Seguidores. Como prêmio você pode levar para casa uma das agendas 2011 recheadas de fotos dos mais de 40 países que visitei! Se quiser, traga também seus amigos e leitores! :D
Aguardo você! :)
Bjos!
Keila, que maravilha de texto. Imensamente simples e imponente como oceano, arrasta-nos para dentro de suas palavras como uma ressaca irritada. Essa saudade de mar e medo de terra firme dos que não são navegadores que preferem lançar-se ao mar ao invés de dividir a vida tantas vezes maléfica e insegura de um "porto seguro".
Eu tenho um estilo mais ácido de escrever que me cansa brutalmente. Ler o ritmo de seus textos (outros também) dá a sensação de estar à deriva nessa água de palavras e bebê-las sedento. Mesmo que salgada - que falando de algo tão humano quanto à angústia ou o medo de solo instável - ela sacia a vontade de nossa garganta e dos olhos que o leem.
Vou seguí-la para vir aqui ver suas palavras tão calmas e viciantes.
olá
me chamo waldeck ( gordurinhaneto) sou neto do cantor e compositor gordurinha e radilaista e humorista antes que eu esuqeça ,kkk, bom tenho um blog de poesias poesiaspublico.blogspot.com ,espero que goste se gostar faça parte dessa familia que ainda é muito pequena,e o blog d emeu avô
wwwgordurinhaneto.blogspot.com
meu email waldeckitaipu@hotmail.com
Keila, ando assim, entre escrever monografia e capítulos para o pessoas.... Aliás, quero muito lhe agradecer a sua contribuição, como sempre, ótima!
Tonces, estou aqui fazendo um pequeno intervalo e como sempre, apreciando a vista, ou seja, elaborando suas palavras no seu local de sempre, entrelugares!
um abraço de canela que se alongue para 2011 com tudo de bom*
um abraço de canela que se prolongue até 2011*
Sabe mopça, vc foi uma coisa muito boa que conheci seus textos, sua participaç~]ao conosco na quele blog e sua simpatia, por isso eu quero te desejar 'um abraço de kanela" e tudo mais que for de muito bom para vc!
Saúde, Querida!
Keila,
Feliz Natal atrasado e feliz 2011 antecipado!
Gostaria de ter mais tempo para me perder/encontrar nas postagens daqui, mas por hora passo 'apenas' para lhe desejar felicidades. Depois volto como leitor faminto.
Abraços,
Caju.
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