Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Apontamentos filosófico-culinários?!
Apontar não é pôr ponta, senão dizer da ponta, da ponta da língua, amiga do gosto, filosoficamente palpitante por papilas descobertas, amigas, receptáculos engenhosos de sentir gostos, o tempero de cada alimento, sofrimento e gozo. Temperar não é moderar, é antes tirar vantagem e ultrapassar o gosto original, sem temperança, posto que tempero é saliva abundante, rio de sabor. Outro dia desses Mariazinha aguou na boca de tanto sabor irreal pelo tempero de alecrim. Alecrim veio doce na berinjela ao vapor, veio doce em conserva no azeite; alecrim declinou o amargor do jiló. Alecrim não era mais dourado de campo, cantado na corda do violão, vinha só na sensação da cor pelo gosto. Alecrim temperou, Mariazinha gozou, gozou no sabor nem doce, nem salgado, gozou no entrelugar de suas papilas de memórias vãs e outras recuperadas, inteligentes, vivas papilas a temperar sua alma de (im)puro alecrim.
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3 comentários:
Por favor, escreva um livro... haja talento. :)
Excelente.
por favor, escreva dois livros. hehe
Eu já quero três livros!
Beijos e abraços minha querida Keila!
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