Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
'Meu menino lindo'
Achei que o menino lindo era meu, mas entre tantos haveria um e mais outro e ainda mais... Estava lá transcrito na página de relacionamentos; ‘Meu menino lindo’. Então não era só meu, era de tantos quanto houvesse amor. Assim, era eu mais um a amar na repetição das linguagens, dos dizeres que se repetem, embora lá no íntimo houvesse uma interpretação própria, um sentir ‘irrepetível’, de uma densidade de receita escondida e indecifrável. Porque o ‘Meu menino lindo’ fazia em mim o que eu deixasse, e nesse fazer dele um tanto meu, em verdade, o que eu queria, construía esse prazer estético indizível que apelava para as palavras simples e corriqueiras de qualquer um que amasse. Para o amor, criamos palavreados arbóreos, espontâneos e fluidos, saídos de instâncias coletivas. Contudo, apelamos para misturas de linguagens improváveis, por vezes, até nos perdermos nos silêncios e nos gestos de mais amar. Mas ‘meu menino lindo’ sempre estará para dizer do pronome de possuir imaginário, do pueril de amar, da beleza que se devota.
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