quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Cena Mal Dita

Aos meus sentimentos dou impropriedades do dizer;
Subverto as expressões como se nelas não houvesse a lógica da objetividade;
Perco os significados dicionarizados, encalacrados de assujeitamento;
Confundo-me no instante de compreender;
Questiono-me, questionas-me por isso;
Pela falta da imediata compreensão de mim mesma e do outro outros por meio do verbo e do substantivo, nessa única tradução possível para o sentir;
Das palavras em arbítrio;
Incompreendes-me, e culpo-me pela pouca perspicácia;
Volto tantas vezes a refletir a linguagem misturada à natureza,que submetem o mundo;
O meu escasso mundo de fazer palavra onde poderia haver só ação a revelar o instante;
Quis dizer da cena, pra dizer do detalhe, não da superfície; e falei na angústia de fazer-te ver a intensidade que procuro no meu linguajar insuficiente;
Para dizer que só consigo ver sentido no encadeamento dos pormenores, na soma a fazer cena;
Mas eu também, como mero detalhe que sou, faço apenas a composicão do cenário; não tenho o controle exato dele;
Sou componente da peça maior que me convém e não me convém por estar, muitas vezes, fora da lógica da razão;
Pensei em todos os pequenos mínimos gigantescos de compartilhar;
No desnudamento que desvela qualquer alma entorpecida pelos pressupostos de existir;
Fiz com eles todos um cenário pra lembrar, pra montar uma peça de dizer amor.

3 comentários:

Anônimo disse...

Mal Dita mesmo, essa tal palavra do final "Amor", não soou tão bem aos meus ouvidos quando elas utilizaram de tantas outras palavras para no final dizer-me que o Amor, ah este infame, tinha partido...

Nina Blue disse...

Feliz tudo pra você em 2012 querida Keila!

Daniele Negreiros disse...

Ainda não tinha vindo aqui neste ano.
Tudo está na mais perfeita ordem!

Apreciei tudo...

Beijos mil!