quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Flash Revelador

Aquele dia não fora como os outros. Fora com encanto como não poderia deixar de ser, mas tivera uma fúria; não saberia dizer se por uma ideia qualquer de despedida, ou uma abstinência de longo tempo. Sim, de conjunção carnal, destas que rompem a delicadeza do gesto, no esquecimento do outro, não por maldade; a ela pelo mesmo não parecia. O próprio sentimento do egoísmo não é forma que se condene, posto serem todos quase sempre egoístas ou eminentemente egoístas. Difícil sair de si e olhar para o outro, guardar um espaço no pensamento para vislumbrar o exterior que pode se revelar tão profundo, tão inesperado e assustador. O que vai por dentro é sempre ânsia de si, sendo assim, egoisticamente forjar o de si para si nesse instante que poderia ser muito mais troca já deixou de ser contingência para se tornar habitual; um cotidiano cego. Nem ela nem ele estavam a salvo, eram reféns do pensamento fixo de si para si, nessa alternância de quem se confunde no desejo de entrar e sair, com a crédula vontade de estar nos extremos para enxergar melhor, como se o meio não fosse infinitamente mais exato, o ficar na fronteira. Assim, era o sexo, esse diálogo mudo de buscar uma satisfação infinita ainda que por momentos muito mais na fuga do que no encontro com o outro. Fora assim, uma violência consentida, para ver até onde iria esse furor de si; uma luz para ver melhor, um quadro para criar uma visão mais clara do de si, para que não houvesse sempre confusão. Não se tratava de possessão ou admiração mais, era uma análise inicial após tempos de cegueira visionária, pois que cada escuridão guarda iluminação, embora não se saiba exatamente o que se ilumina, onde está o foco, o flash revelador.

Um comentário:

Penélope disse...

Realmente para alguns é difícil deixar o mundo de dentro e se colocar no de fora, nem no lugar, mas ao lado, que seja, do outro. Somente com um flash de instantes se possa sair desta prisão que são os nossos sentimentos egoístas.
Abraços