Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
Escorre
É tanta água desperdiçada na calha; pinga grosso e corre desenfreada, desperdiçada na calha, no asfalto, na latrina fora do mato; é tanta água desperdiçada na falha da área de cimento baço, espessura inorgânica, rochas da modernidade eremita; é tanta água desperdiçada que não se sabe onde está; vai longe a água desperdiçada na calha; vai cega na superfície, na supressão da ordem fluida que a submete; é tanta água desperdiçada na calha, canalha calha impermeável; e a água corre pro destino obtuso, alheio a sua vocação de caminhar brincando, e parar, e entrar, e sair, e calhar de ficar.
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