Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
sábado, 30 de agosto de 2008
Plano inclinado
Estava lá solto no sonho. Concreto sem pintura; inclinação discreta. Recostamo-nos ali sem termos marcado. Era possível alcançarmos o céu sem tirar os pés do chão, livres da posição ereta, impositiva do pensar lógico. Estávamos ali, os dois para o encontro, para olhar o alto teto azul sem descuidar do lado; o falar ao sabor do sentimento. Mãos e pernas livres, o entorno vazio, pareceu-me que sim. Talvez fosse início da manhã, ou fim de tarde; as luzes não ofuscavam, eram delicadamente brandas, acariciavam. Havia tempo de silêncio e a súbita palavra só para o momento. A despedida não teve hora, aconteceu suave, sem afagos exagerados, sem medos e perdas. Vida real boa é assim; sonho solto no plano inclinado, descanso de faróis brandos acesos, amizade sincera, amor amigo.
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