sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Pedra

Pedra não quisera ser
Pedra só pudera ser
Posto que de tantas pontas de pés
Rolou e parou
E rolou e parou

Resolveu querer ser pedra
Sem pulmões que respirar
E dedos que buscar
E nesse estado de minério
Foi obra inabalável
Sem vertigens de amor e de dor

Pedra não quisera ser
E mesmo assim paralisou
E nunca mais falou
Sob pena de não ter ouvidos que ouvi-la
Deu um último grito e petrificou

E nesse estado mineral
Foi plenitude geológica
Amou a chuva
O sol
O vento

Na dureza do seu esplendor
Foi um adorno de sentimentos
Abortou pedaços e farelos
E sobrou
E rolou
E parou
E foi pedra que passou

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