Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Breve
Ela sonhara desconexo como sempre. Alguém jovem, franzino e de jeito alegre furtara algo de alguém mais velho e a entregara em segredo. Era um relógio informe feito de substância siliconada, onde os números, as horas nadavam vez por outra. Com medo de pegar o tempo, pensando não ser mesmo coisa dela, ela apertara a estrutura com tanta força que os algarismos se contorciam, mas logo voltavam a sua forma original. Acordara em pensamento desse tempo que ganhara, que apertara, e que resistira sempre a despeito de toda aquela manipulação desregrada, escondida. Porque aquele tempo furtado viera parar na sua mão? De onde viera aquele tempo materializado, que ficava disforme no contato com ela? Foram apenas instantes de um sonho breve, como o escorrer do tempo, breve.
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Um comentário:
Tempo para ser usado após, depois, em breve...
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