quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Sacro pagão

Faria um sacramento por ti
Não tu ai distante objeto
Faria um sacramento pagão
Pegar-te-ia em dedos sem comiseração
Num toque sagrado de quem descobre
E num susto se apercebe das doces nuances do sentir
Faria um sacramento tribal
E benzeria todas suas partes
Até alcançar o todo em banho redentor
Far-te-ia o próprio sacramento
O instante eterno das sutilezas
Daquilo que sempre se renova
Embora em parecença já tenha havido
Faria um sacramento por ti
Embebido em cheiros e secreções e audições controversas
Um caos a se ordenar por força natural
Uma força de desordenar para morrer no caos
Para renascer no caos
Faria um sacramento por ti
Desatinado por não conhecer-te
Na ânsia de compreender a parte pelo todo
O todo pela parte
Seria eu o próprio sacramento
Em sacramento por ti
Por querer fazer-te delicadezas
Do gesto, do ouvir, do falar em notas suaves
Do dar e receber como um sacramento
Faria um sacramento por ti

2 comentários:

Sara_Evil disse...

Lindo!

icendul disse...

se o normal é efetivarmos um sacramento já instituído, fazer um tem uma força inaugural que amplia o íntimo de quem lê tudo isto. sob este impulso gerador, parto para a minha semana com vontade de gerar e inaugurar tb.

bjns:)