Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
Soldado
Sempre fora um soldado mal aparentado, meio despenteado, sem farda e botas, com armas imaginárias; Mas sempre um soldado, embora de vestes imagináveis da mente que não discutia ou tergiversava, que apreendia o sentido da ordem, da obediência; Sempre fora um soldado pela exigência de um limite qualquer por medo insensato de virar liberdade; pavor da extremidade do prazer que esbarra no tédio desmedido; Sempre fora um soldado mal aparentado, por bem que pudesse fazer de suas boas intenções; até um dia descobrir não por absoluto, mas quase certo a maldade das boas intenções; Sempre fora um soldado mal aparentado a descaminhar entre a veste e a mente; Desmanchava a expectativa da veste, enquanto a mente em agonia; Até quis pentear os cabelos para esperar a hora marcada de qualquer compromisso; mas descobriu outras possibilidades; Quando alguém não vinha haveria outro alguém por ali em arremedo de distração para organizar a ordem aparentemente desfeita. Sempre fora um soldado mal aparentado a tentar sumir com os relógios em vão, sempre na busca desse tempo irreal que some qualquer ponteiro das vestes de viver.
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