Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Sono
Ninguém me subjuga ou me submete. Minto. O sono é meu dono; sujeito tentador e misterioso que me ronda todas as noites e pelos dias assalta-me a lucidez, a ingênua lucidez de estar acordado. Porque em verdade é quando acordo que durmo e quando durmo acordo para o mundo da irrealidade mais real e desejável que possa existir; estar com ele; o sono, é melhor que tudo. Quantas histórias ele me revela e dizem que elas já estavam lá, e ele, o sono, é só um despertar. Que sossego me dá; ele, o sono, que me tira a dúvida, pois que me faz não pensar. E nesse instante, minha mente é contingente de todos os sonhos pensados e impensados; o sono é esse louco amante que me submete, me subverte a todas as impropriedades do real, dessa sonolência de viver acordado, sem ser amado. Porque o sono...Ahh...o sono, ele ama-me com ternura indecente, com afagos irreverentes, com momentos inexistentes que estão lá a me espiar quando durmo acordada. O sono vem me acordar na dormida mais incógnita e aventureira que se pode pensar, pois que ele quer-me tão bem, que não me ilude com possibilidades, porque se pensarmos bem, as possibilidades nem sempre são prováveis, e isso faz-nos tristes e alegres, porque vem ele o sono acalentar; grávido dos sonhos, ele me carrega e embala e me arremessa sem piedade, e me faz de alguma forma reviver...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário