segunda-feira, 22 de março de 2010

In(exato)

Ah se fosse possível fazer um tratado sobre a sensação, um tratado verdadeiramente coerente com o sentir, essa entidade tão abstrata que só cabe mesmo no sentir, para a qual só cabe dizer: sinto...E nenhuma palavra substitui e o verbo fica implorando complementos e todos são ‘incomplementos’. E a gente tenta buscar na batida do coração e no ar que entra e sai dos pulmões como se o intraduzível pudesse morar ali naqueles involuntários tão naturais de nós mesmos, que não dizem, só sentem...E a precisão escapa na mistura dos sentidos e só valeria explicar fazendo o outro sentir e ainda assim o sentir fugiria por ser tão pessoal e ao mesmo tempo tão impessoal na sua forma indescritível...E vem uma angústia do querer experimentar para precisar o sentir e ele vem com outra veste e continua inapreensível, impalpável...E é inabalável o sentir, com gosto, cheiro e imagem, e se torna necessário, por ser tentador, experenciá-lo, descobri-lo, deixá-lo nu, enquanto ele se esconde envergonhado e feito um camaleão se confunde em qualquer superfície e fica grudado em um mimetismo qualquer que jamais será qualquer, mas de tons absolutamente novos e surpreendentes...E a gente só lembra que sentiu...frágeis só lembramos do que não lembramos exato...o que sentimos...o inexato sentir...

3 comentários:

Rhany Torres disse...

Keiloca, adoro seus textos .... saudades!

Anônimo disse...

Keila, saudade de vc!Adorei o texto!É sempre muito bom ser surpreendida pelas suas palavras incomparáveis, e eu saberia apontar quais seriam seus textos em meio a muitos, pois são únicos ,com muita personalidade e palavras q só vc consegue escrever!bjosss Monique

Cris Poulain disse...

Gostei muito do teu blog,deste texto!!
Sou da BEAT,mas lá entrei por amigos,pois,na verdade,nem sei se tenho espiríto beat,mas escrevi lá bastante tempo!!!
Agora ando afastada,mas os amigos permanecem.
BEIJOS DA CRIS!