Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
terça-feira, 27 de abril de 2010
Parto
O parto maior que ela sonhara era o da palavra em potência, germinada em paredes uterinas rubras e almofadadas de epitélio de ondas, em aconchego cíclico de progesterona que cala e grita em escamas, num fluxo irremediável. Era essa palavra do tempo circular, difusa de humores, de sabores da alma que exala em estrógenos convulsos e morre todo tempo em partos sucessivos que ela sonhara viver; a palavra vida que aborta e nasce, que cresce e se retrai em silêncio profundo, palavra de útero partido em instantes de expectativa e frustação, útero palavra viva, que nasce potência, quente cor de sangue, cortante, tranqüilizante, inquietante...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Pois então se não é parir que se diz nessa hora:) Grata pela nova visita. Abç
Postar um comentário