segunda-feira, 24 de maio de 2010

A fusão dos olhos azuis

Hoje, em um intervalo dos cotidianos, beirei a janela, contemplei o céu e veio-me na mente a cena de uma sala de aula há tempos ida, mas que a lembrança fez-me retornar; ela lembrança que faz a gente ficar em todo lugar e pessoa que já visitou. Visitei alguém que não me lembro bem do nome, mas dos olhos azuis a contemplar o céu azul numa fusão irrefreável nesses intervalos de contemplar. Não saberia dizer o que via, se o nada era o que via, ou o cheio do nada infinito. Sei que era professor de física e que lidava com ela não de forma apaixonada, assim me parecia, mas afirmava da facilidade de resolver as questões propostas como quem não intentava alcançar a poesia da física em nós, mas facilitar o desprezível daqueles momentos, os quais não saberia dizer da importância exata. Assim, o físico de olhos azuis perdia-se no azul do céu, enquanto nós nos debruçávamos sobre o uso simplificado de suas fórmulas, e nem sabíamos que era o passo pro acerto do mundo desacertado em nós. Decorei aquelas leis em formatos de resolver; passei nas provas sem saber do poético equilíbrio e desequilíbrio dos movimentos do corpo e das máquinas, das velocidades e dos tempos embutidos e desembutidos, das inércias. Ficou-me, por agora, por depois, por antes, somente os olhos azuis em fusão com o céu; o professor que retornava atordoado do contemplar, a ditar a próxima formulação incompreendida...

Um comentário:

Grã disse...

Lindo esse seu céu, pintado de olhos azuis, visto à beirada de um cotidiano...
quase te vi olhando à janela com fórmulas da vida lhe mordendo os calcanhares.

Lindo, tudo!

Linda, você.

Bjo