Chamam lembrança essa inscrição de ti nas folhas da minha mente,
Chamam saudade também,
Eu chamo mais,
Alguma coisa sem palavra, inaudita e faminta;
Eu chamo outras palavras e se as somo penso beirar o sentido,
Ainda assim não digo, não encontro;
Algo permanente assim, nem potência, nem realização, um presente em desvão, incompleto e transbordante;
E se com prazer te fito em pensamento;
Com ternura te miro incessante, inebriada, alcóolica;
Uma sensação de estar com, de ponte a ligar dois lugares, e um receio de desabar e em rio me fazer mistura bem distante da nascente, origem, aura esquecida;
No espelho minha visão refletida, parca de mim;
E carente de saber o que vês, em que retrato me julgas ou se distrai de mim, que vozes ecoam dessa imagem de condizer ou desdizer dos cliques inevitáveis no correr do tempo, sou outros tantos, mas há um outro que sou eu mesma no encontro de sentir.
6 comentários:
Chamam de beleza, as palavras que nos tocam na alma. E de tão perfeitas, doem no coração. Então, a saudade chega...
Esse "sentir", vem de encontro com o que venho pensando sobre, tudo que cerca o "interpretar" do outro, a total ignorância imaginarária sobre a essência e a identidade intima dele, coisas que só o outro reconhece...diferente de nós que olhamos, retratos, sorrisos, corpos e uma imagem fantasiada pelas supostas empatias e expectativas de nossa particular identidade.que só nós reconhecemos e que o outro tb supõe....algo tão enraizado em nosso éter, que todos entendem mas não da para explicar....Me emocionei com seu encontro de sentires...e reconheço também como meu, nosso, afinal o verbo é universal impregnado e éteres voláteis a interpetra-los. mas, que nem Mãe ousa traduzir a natureza íntima e particular de cada um.
Grato!
obsessão às vezes...
esses dias eu reli a estrutura da bolha de sabão, da lygia fagundes telles, e lembrei tanto do seu jeito de escrever :)
das coisas que tem por aqui, você está no melhor. beijo, querida.
Que riqueza de imagens em forma de palavras...Belíssimo, gostaria de tê-lo escrito. Parabéns!
Keila, amei o pedaço: 'essa inscrição de ti nas folhas da minha mente'.
Abraços
Priscila Cáliga
... e nesse encontro do sentir não há, tantas vezes, palavras para dizê-lo.
Muito bonito, Keila
Postar um comentário