Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
sexta-feira, 2 de maio de 2014
Além do tempo
Ela procuraria por Gunnar anos mais tarde; muito depois daquele tempo de afeto inocente. Lembrava-lhe o sorriso largo dele, os dentes espaçosos, as conversas no parquinho a balançarem-se naquelas gangorras de correntes grossas; os pés sobre a areia escura, os olhos vidrados. Também havia os longos banhos de piscina até os dedos enrugarem; a pele avermelhada, esquecida do sol. O coração disparava e o corpo brincava com os sentimentos, clamava pela paixão e pela criança de cada um. Anos mais tarde, ela procuraria por ele naquela rua distante; muito além do tempo. Não encontraria. Ficaram os dois a balançar naquela gangorra, refletidos naquela água azul; os dentes largos inundando a boca, os olhos com brilho, além, muito além do tempo.
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