Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
domingo, 25 de maio de 2014
Transgressão
Era certo que ela precisava aguçar os sentidos, mas aguçá-los não somente naquilo que se esperava deles; ver além com olhos, cheirar além com narizes, ouvir extremos com ouvidos, tocar intenso com mãos, saborear como rio a inundar...Não, não eram esses os sentidos, eram além mais, como uma forma de transcender suas capacidades inatas, aquilo que se espera deles. Ela descobrira que sentidos eram vivos e multifacetados; podiam por certo exercer uns pelos outros como um concerto harmonioso alternado, livre no experimentar, como olhos que ouvem, ouvidos que vêem, mãos que cheiram, bocas que tocam...E nesses aspectos turvos tão somente restritivos que a vida impunha a cada parte, cada uma ou cada um deles ganharia nuances surpreendentes, pinturas caóticas, plenamente compreensíveis em serem inapropriadas, experimentação daquilo que não se espera. Ah! Os sentidos seriam transgressão puramente ingênua, descoberta, deslumbramento.
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