Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
segunda-feira, 13 de abril de 2015
Veias abertas
'Veias abertas' chegou- me às mãos na tenra idade, mas chegou de um jeito acidental, meio corroído de traças, um tanto mofado, umas folhas caídas e outras prestes a cair. A edição antiga era severa, sem elementos pictóricos em capa, senão umas linhas mal postas em vermelho e branco; e claro, as garrafais veias abertas da América Latina. Adentrei aquele mundo de histórias da história meio assustada com tantos minerais escorrendo em letras, e uma delicada descrição, quase uma arqueologia do solo latino. Um sangue escorria grosso e brilhante em minhas mãos, enquanto meus olhos se enterneciam e se indignavam. Era a primeira vez que percebia esses veios cavados a escorrer riquezas e todo o efeito disso nas pessoas. Um tio por certo o lera,; não contara. Mas deixara nas caixas de livros antigos e eu o encontrara.
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