sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Em todos os lugares

O desequilíbrio do humano assombra. O homem é o próprio entrelugar, e nem tem lugar. Vaga como ave migratória e retorna em desespero pelos humores do ambiente, pela suposta segurança. E se não volta? Continua com o lugar da lembrança. O ‘destino’ também é desequilibrado. E se falta o ‘tino’, o humano vê-se na eminência completa da imprevisão. E os outros olham abobados, a sorte inesperada, supostamente possível, indesejada por vezes. Mesmo se entrevê uma garantia e envolve-se com os bons ares da doação, o retorno é sempre duvidoso. A dúvida é também o próprio entrelugar. Se não se resolve então, vira angústia. Angústia é dúvida, incompreensão de si para si. E o si? O si é o entrelugar. O si alegre, exagerado de contentamento, culpa do momento sem perguntas e pensamentos. E o ‘bobo da corte’? O próprio entrelugar entre o tudo e o nada, felicidade sem justificativa, tristeza empedida. A sabedoria é o equilíbrio? A teoria diria que sim. Mas mesmo válida, a teoria é refém da que virá, é muleta que não engana alguns, mas satisfaz no tempo. A sabedoria também é o entrelugar, a negociação justa entre o sensato e o insensato. O exagero comedido, a contenção comedida, a ilusão do equilíbrio. O entrelugar está em todos os lugares. Nada mais angustiante, desafiador e mágico que o entrelugar.