sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Meros expedientes

É o meio que nos apavora. A simples idéia de que qualquer ação ou palavra seja um meio de intenções não nobres, ‘morais’; não um fim, uma verdade, assusta, intriga. Por isso, nego-me ao expediente? Por vezes, rendo-me a ele? E esse perfil ao lado, essa descrição ainda que escorregadia de quem pretende alguma autoria, não é um expediente? Por momentos, pode até ser que eu seja o expediente, o mentor desses textos já escritos, ligeiramente modificados na minha ânsia literária. Por outros instantes, chego a crer no expediente inexistente, no layout copiado, doado pelo google; chego a crer na perfusão de histórias e textos que me assolam, que entram em mim, que eu ingênuo, creio tomar de mim mesmo, já esquecido de onde vieram, do lastro original. De todos os tipos, estilos, de tema vário, os textos vêm, assombram-me, fazem tumulto em mim. Vejo-me mero expediente de assombração. E tudo que se diz, que se faz, quase sempre não é mero expediente? De cálculo quase preciso, e até obtusos, intuitivos, os expedientes são fantasmas inevitáveis, institutos de sobrevivência, de convivência. Onde está o fim, a verdade? Tudo não é mero recurso, expediente?

Um comentário:

Flávia disse...

Pra te falar a verdade, eu às vezes tenho receio de que a própria vida seja um grande subterfúgio.

Beijos :)