Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Vulcânica
Alguns lugares eram permanentes na mente dela. Voltavam sempre, mesmo em sonhos, nos momentos menos esperados. E um desses lugares era corpo de geografia aparentemente plana, mas que no detalhe, parecia a ela, um mar de montanhas, pequeninas projeções na qual moravam os folículos pilosos, uma superfície que jamais esquecera. E o contato com aquele lugar onírico era o prenúncio de pêlos em mutação, miragens de porções pequeninas de lava, vulcões em erupção no corpo, surreais. Talvez fosse o que não foi que a fazia sonhar assim de um modo tão geográfico, porque ela buscava naquele lugar, naquele corpo, alguma evidência viva que pudesse se solidificar, esquentar e petrificar, num movimento de explosão e morte. Era sempre assim no sonho, esse alternar em um relevo inconstante. E havia rios, uma hidrografia de ramificações tortuosas, uma mistura de fogo líquido e suor, fertilidade. O sonho era de trilha, trilha sem rumo, como se o próprio andar fosse um lugar de fusão, do percorrer a sensação em busca do grande vulcão, do magma alma, coração.
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4 comentários:
já disseram coisas assim pra mim uma vez...
[suspiros]
Olá!
Tudo bem?
Espero que sim.
Obrigado pela visita seguida de elogio ao meu estabelecimento. Fiquei bastante feliz!
Desde já, saiba que a recíproca é mais do que verdadeira! Achei os seus textos bacanas a bessa!
Até!
Escolha lexical perfeita. Rimas sutis: mistura de poema com mini conto(...)* Essa força oriunda do que escreveu é harmonica, forte. Lindo. Lindo.
Muito bom seu texto, Keila!
Fico feliz que tenha gostado do Quimera Ufana. Passe por lá sempre que quiser pra tomar uma cervejinha.
Beijão!
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