Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Algo mejor!
Tienen que conseguir algo mejor! Adamina de Las Casas esbravejava com a nora bem na descida do morro. Bem altas as duas, pareciam quase as extensão íngreme daquela rua que ia dar exatamente na vila onde o filho de Adamina resolvera construir seu ninho de amor e sua oficina de circo. A reforma seguia lenta e ainda se entreviam as vigas que iriam sustentar as paredes sobrepostas. As superfícies aos poucos iam ganhando tons alegres de cor, amarelo, azul e vermelho. Na porta, a kombi, mimetizada de palhaço, parecia mais um da trupe, e os olhos de Adamina cada vez mais estilhaçados de tanto terror. Pois então, não havia vindo de Buenos Aires exatamente pra ver todos bem acomodados? Artistas tão talentosos deveriam mesmo fazer muito sucesso no Brasil. Os projetos se multiplicavam; era visível naquele espaço pouco aconchegante. Ali se amontoavam pernas de pau, vestimentas, perucas, lonas e várias fotos na parede. No chão uns colchonetes e nas faces as almas repletas, mas Adamina ficara injuriada; Tienen que conseguir algo mejor!
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