quarta-feira, 9 de junho de 2010

O amor

O amor do outro é o amor da gente. O amor outro em nós espelhado. O amor é olhar tão indiscreto em nós que vem e lê as sutilezas dos nossos sentidos indiscretos, desnudados, escancarados mesmo em face de recato. O amor é um estranho perfeitamente reconhecível, que nos faz experimentar cada gesto como novidade rara e fazer de conta que nunca viu, nunca sentiu, e não sentiu mesmo, porque o amor é descoberta tão funda que parece rasa, até se fazer entender amor. Ah...se fazer entender amor é peito em disparada só por pensamento de cumplicidade no gozo do outro, na angústia do outro. O amor de tão dito perdeu qualquer dito de precisão por ser precisão tão premente. Amor é falta desajustada sem coisa qualquer que lhe compense, que lhe valha, porque o excesso torna-se diminuto, um exceder surreal, que escorre e fica fluido, e ferve, e sublima, e vira só aroma, enquanto nós farejamos loucos de medo, medo de perder. Amor é medo, é solidão, é larguidão...De tão largo, o amor faz distração em nós, atenção descomedida, poesia.

5 comentários:

Renato Pittas disse...

Vc é Linda moça!

o amor que vc faz é o amor que vc carrega.
Ame o amor!

Lindo e essa sua beleza me faz a emoção que me salva!

Paulo disse...

... e é também olhar, cheiro, sabor e sentires apurados.
É uma vontade de viver, de rir e sonhar, é um desejo constante de começar e retomar a vida desde lá atrás, onde ela ficou quando não havia (amor).
Amor é -mesmo- um estranho lugar.
Obrigado por lembrar.

Nina Blue disse...

Keila,
Gosto de passar por aqui com calma. Aos poucos, vou descobrindo em cada escrito teu, um canto bom, a palavra certa e repleta de sentidos resignificados. Assim, resgato minha ternura e transfiro para minha alma,o doce que a vida retira, diariamente. Beijos.

celeal disse...

Linda esta sua metamorfose do amor em poesia. Líricas palavras.Abçs
Carlos Eduardo
veredaspulsionais.blogspot.com

Carlos disse...
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