Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
segunda-feira, 22 de setembro de 2014
À Deriva
Estamos eternamente à deriva; o mar que nos balança é o mesmo que nos afunda; não há saídas, somente esse navegar sem fim em busca de terra alguma; um frio na barriga enquanto o mar em imensidão nos submete; de vez em quando uma ilha vestida de árvores cheias de frutos e cabanas aquecidas; em outras vezes continentes inteiros a nos sumir por dentro e por fora em um anonimato cansativo e inebriante. E o mar, sempre o mar a levar o barco que somos nós de proa hesitante, de seta equivocada e cheia de si, e vazia de si; um não saber a navegar infinito em busca de coordenadas alienadas, confirmadas em gestos fugidios, silenciadas em ilusões. Nós todos um barco à deriva quase a alcançar um pedaço de terra, uma miragem dissimulada de descoberta.
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