Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Por uma ciência poética
Nada contra os discursos acadêmicos; debruço-me também sobre eles e até retiro deles alguma essência poética. Mas de fato são poucos os que transitam por essa vontade de percepção, ciência como percepção. É isso! Toda vez que um cientista se põe a relatar seus experimentos, suas conclusões, prende-se a nomenclaturas aceitas, absolutamente codificadas enquanto fatos precisos. Não demora muito e a ciência cai do barranco em abismo sem fim, porque jamais irá atingir o exato, jamais obterá as condições totalmente controladas; os frutos maduros dificilmente terão o mesmo amarelo ou a mesma vermelhidão. Repetir e atestar em orgulho a vitória do experimento, atinar para congruência dos resultados, parece o desejo mais proeminente do homem para tudo o que faz e não faz. Vencer a dúvida é o que deseja, o sucesso do experimento. O poeta apenas substitui a dúvida pela palavra exata inexata, pelo gesto impreciso, riso não visto, choro escondido. A poesia é o imponderável, incontrolável para o qual não existe nomenclaturas precisas. Uma ciência poética é um passo para o humano que não se pondera, que não erra nem acerta, simplesmente vive o peculiar, o que não se repete.
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