quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O que contar?

Nada mais angustiante do que querer contar e não ter o que contar. Quando o olhar não mira nada de novo e pior, não vê em nada uma repetição produtiva, contável. Estranho não encontrar as estórias e elas não nos encontrarem, nem na vida, nem na escrita. Esse clima de ‘modor’, essa inércia imaginativa, esse olhar cego, improdutivo. Às vezes vem a sensação de que as estórias acabaram, que não há mais o que contar porque o conto é a gente mesmo, e a gente mesmo está incontável, nada nos toca, nos mobiliza, nos atinge. E tanta estória fica lá sem ser vista, numa latência, e a vivência do contar improvável. Então a gente se vê num cenário impreciso, em negociações precisas, em um pesar de estória que não dá pra se contar. O conto imprevisto, surpreendente se perde; a gente se encontra sem conto, tonto, louco pra contar sem ter o que contar. Perspectivas adormecem sem sonho. Contos nem em sono; tudo esquecido de olhos abertos ou fechados, emaranhados diurnos e noturnos confusos sem conexão, sem reflexão; um pano preto impermeável...Olhares irrefletidos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Então vamos contar carneirinhos!