Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Oxalá abençoe
Opa...cheguei desavisada. E o velho sentado ali, num balanceio meio tonto, meio dançante, nem sei...Hum... grunhia ele, e os olhos vidrados, em seguida fechados e o corpo num movimento de náusea. Babalaô, Hum, Hum...repetia o preto velho. E eu ali esperando o vômito, afinal de contas a panela já estava lá à espera. O retorno estomacal não veio, mas cusparadas seguidas, milimetricamente forjadas, compassadas, de periodicidade certa. Oxalá abençoe e lá vai mais cuspe. Não entendia porque salivava tanto. Hum de novo...Agora vai vomitar, tem jeito não, pensei outra vez. Que nada...Mudou de voz; de arranhenta passou a fininha, feito de criança. Lia saiu correndo pra buscar os doces. Disse pra mim que eram Cosme e Damião, duas crianças inocentes.
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