Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
A verdade de Baldo
Esse trem de verdade e mentira sei lá, dá uma confusão na gente. Eu então, sempre juro; 'digo sempre a verdade, bem lá de dentro.' Outro dia desses o Teobaldo me encheu de dúvida. ‘Que verdade nada, você pensa que é, mas não é.’ ‘Baldo’ conseguiu me deixar mais confuso ainda. Fiquei até meio nervoso, descrente comigo mesmo, com um sentimento de traição entranhada de mim para mim. Coisa estranha essa, quando alguém fala de uma certa certeza da gente, põe em dúvida e a gente se põe a duvidar mesmo. No início dá revolta, depois é uma decepção, a gente acha até que é uma judiação. Aí a gente pensa, repensa e até entende o que antes achava puro descalabro. Baldo falava que a verdade era uma mentira cheia de manha e propriedade, que nem dá pra perceber de tão cabida. Resultado; me deixou ainda mais triste. Aquela história dele virou um bater de sino na minha cabeça, irritante, agudo. Matutei tanto que hoje consigo até entender o Baldo. É que ele tinha mente pra frente, sabia que gente é coisa que muda e a verdade fica lá coitada, deixada pra trás, vira é verdade de outro tempo.
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2 comentários:
Adorei!
Sempre passo por aqui pra me encantar com as tuas palavras, Keila. Beijo!
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