Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
'Quietinha'
Acho bacana gente assim; ‘quietinha’ como vocês...Como? Por quê? E chega o ônibus antes da resposta. Aquela observação soou como um veredicto incômodo. O que ela quis dizer afinal de contas? O que na sua aparência denotava quietude? Quem eram as outras pessoas do 'como vocês'? Achava-se despojada; simples no trajar, cara limpa, unhas limpas sem tintas, pés bem assentados no chão; enfim, nada que indicasse quietude, talvez uma inquietude branda. Mas a senhora, apinhada de sacolinhas e suporte de madeira para cortina, de cigarrinho na mão a deixou incucada. O que ela vira? Terá sido a sombrinha nas mãos na antevisão da chuva, que iria mesmo cair? Ou as faces sóbrias ‘mentirosas’ a esconder nuvens de tempestade? Poderia ter falado qualquer coisa, mas se chegou no ponto cego, impreciso de toda sua existência. Pertubou e se foi sem explicações, sem ponderações...Deixou aquela assertiva posta, quase imutável. Então ela era assim; ‘quietinha’, irritantemente ‘quietinha’...
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