Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
terça-feira, 26 de maio de 2009
Profecias no entrelugar
Algumas ‘profecias’, que em princípio soam como algo vago, dão o ar da graça e nos acompanham por toda a vida. Há alguns anos um professor profetizou a respeito das nossas respostas imunológicas; ‘pode ser que sim, pode ser que não’, ou seja, o cerco de anticorpos se fecha em torno do antígeno, ou não. Aos poucos, percebi claramente a intenção imunológica incerta do corpo, refém de vários fatores - alguns quase secretos -, e sua utilidade perfeita para quase tudo na vida. Algum tempo depois assisti o filme ‘A Máquina’, direção de João Falcão, e lá entoavam uma musiquinha que dizia assim; ‘amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada.’ Lembrei-me da afirmação do mestre de outrora e senti a perfeita harmonia com o dizer do filme, das profecias de incertezas. Os serviços de meteorologia tiveram sim, nos últimos anos, assombrosa melhoria. Ainda assim, o tempo dá suas voltas e malandramente nos surpreende. Vivemos nesse turbilhão de setas e objetivos, ou acertamos ou nos acertam, dizem. E nesse meio de profecias incertas, teimamos em acreditar que algo é tão certo e definitivo. A certeza nada mais é que uma muleta manca; precisamos dela para caminhar, mas em cada superfície ela nos expõe a um desequilíbrio obrigatório para a retomada do caminho. Hoje digo e repito ‘o pode ser que sim, pode ser que não’ daquela realidade fisiológica imunológica e apelo para minha imunidade suportar tanta incerteza cheia de certezas incertas e profecias imprevisíveis. Por isso, na dúvida, duvido.
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Um comentário:
mineira!
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