Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
terça-feira, 22 de julho de 2014
Todas
Andava se empanturrando de palavras, gordas, magras, castas, eróticas e pornográficas. Seguia-se um regurgitar leve vez por outra, mas que não resultava vômito clássico, inundado de saliva. Por vezes, pensava que ruminava palavras e gestos traduzíveis em palavras. Queria sim mimetizar os absurdos de dizer, despudorados dos lidos inconstantes, dos lidos que causavam surpresa por fazerem cena em sua mente. Que delírio seria escrever assim teatral, cinematográfico. Fazer fade, fade in, fade out, na mente dos outros; deixá-los embasbacados, encurralados em sensações espúrias, mal cheirosas, ou até de cheiros vencidos, reprimidos. Veio-lhe de sobressalto esse sadismo, essa tortura pela palavra; dizer o inabitual, estranhar a poesia do belo com a feiura límpida, absolutamente escultural, humana.
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