segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Pra frente, pra trás

Toda vez é assim. Liliana teima em ir devagar. Toda vez eu falo: vamos perder o ônibus. Coisa estranha, parece que ela anda pra trás. Ela diz pra mim que está indo é pra frente. Não entendo. Liliana caiu de amores pelo Júlio lá da escola. O menino tem mania de ficar plantado no portão de saída se exibindo. Outro dia falei com Lili: é por isso que anda pra trás né sua pra frente! Ela me olhou com jeito de não entendi, deu um sorriso brando e bocejou, com aquele ar de não dou conta de tomar pressa. Eu também nem sei porque tenho tanta pressa. Toda vez que chego em casa o almoço ainda está esquentando no fogão e não consigo fazer nada até encher a barriga. Outro dia desses corri tanto que revirei o estômago com a ajuda do velocista do coletivo, que dizem que é motorista. Liliana nem entrou nesse, ficou esperando o próximo pra cruzar com Júlio no ponto. Lili sempre diz que o tempo dá pra tudo, pro Júlio então ela dá todo o tempo. Eu continuo apressada, nem sei pra quê. Lili falou comigo que se eu continuar desse jeito ela vai é trombar com o Júlio todo dia no ponto e eu nem vou ver aquela belezura.

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