terça-feira, 28 de outubro de 2008

Volteio do tempo

Presinto que não há mais tempo. Presinto que há todo tempo. Sinto o tempo, todo momento; lamento o tempo, vanglorio o tempo. Vejo que o tempo é apenas a impossibilidade ou a possibilidade entranhada, enraizada no solo gente. O tempo não mente, mas é fingidor de tal maneira que engana a gente, porque lá dentro tem um tempo que não passa, o tempo aventureiro que nem sempre combina com o passar do tempo, do corpo de energias consumidas, retraídas; e das excessivas é refém, vai pro além, não contém. O tempo não volta, só dá mil voltas; revolve tempos idos, desfaz o presente todo momento; ignora o futuro, mas abre alas pra todo porvir. O tempo é vento brisa, é ventania, é prenúncio dentro da gente, é mente, não mente. O tempo é como fuligem e a gente é o próprio tempo, sem tempo ou com tempo. De todo jeito está lá o tempo a nos espreitar, sinuoso, afetuoso, amante, enganador. De todo jeito está ele a nos perguntar, porque fomos, porque não fomos, aonde vamos. O tempo nem sempre pergunta, intransigente. Nós, nem sempre respondemos, desatentos.

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