Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
terça-feira, 23 de setembro de 2008
Blusinha branca
Blusinha branca já deu música e história também. Eu tenho mais de uma. Quase todo mundo tem alguma. A minha, porém, já se tingiu de vinho, água salgada, água doce, percorreu lugares quadrados, redondos e sem forma. Blusinha branca é peça fundamental; tem algo de fantasmagórico, muda e nunca muda de cor. É quase indelével até o primeiro furo. Guarda segredos sem deixar marcas. Guarda mãos apressadas, delicadas, suores e olhares. Pode lavar com sabonete, mergulhar no cloro ou no sabão em pó. Às vezes ganha um tom azulado, fica hipotérmica a coitada, mas só até a próxima levada e lavada. Depois volta branca, cheia de manhas e avessos; suspira no guarda-roupa, implora o afago; aventureira blusinha branca sambista, alpinista. Sem blusinha branca eu não vou.
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Um comentário:
Keila, que delícia esse texto! Tão alva e imaculada essa sua blusinha branca que é como se, ao vesti-la, até a alma se acarinhasse e ficasse assim, branquinha branquinha também...
Lindo.
Beijo!
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