sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Passou

Entre eu e o belo passante,
Do outro lado da rua,
Havia um tronco de árvore;
Lutei contra o arranjo de floemas e xilemas,
Apertei o passo,
O moço também;
Soltei o passo,
O moço também;
E o tronco sempre no caminhar nosso,
Irritantemente no meio,
Num passar quase combinado,
Pra gente não se ver;
O moço se foi,
Eu fui também...
Nem pude ter certeza do belo que passou...

2 comentários:

Anônimo disse...

Odeio quando isso acontece. E olha que acontece!

Flávia disse...

"Nem pude ter certeza do belo que passou"...

Ah, essas belezas que costumam passar por nós feito sombras fugazes... talvez sejam tão belas justamente por isso - porque não as maculamos com o realismo dos nossos olhos sempre em busca de defeitos...

Muito belo o teu poema - delicado e gostoso como música.

E "Simple Man" também me estremece =D

Beijão e ótima semana!