Histórias sempre estão na fronteira; por mais que tentemos acomodá-las elas esbarram no real vivido, ouvido, lembrado; elas esbarram no imaginado, sonhado, criado...por isso evocamos os entrelugares, onde cabem o contraditório, o surpreendente e até o esperado...todos eles permissíveis à intromissão do eu e também à sua ausência, mesmo disfarçada.
quarta-feira, 18 de junho de 2014
Maria
Maria teria que escolher entre o intenso e o protetivo. Maria teria que fazer várias vozes em reflexo dela mesma pra saber qual tom dar; qual caberia nessa escolha de ser sem sofrer na pauta de uma música de viver. Um tango, um rock, um popularesco qualquer, uma valsa, um blues, um jazz. Teria que fazer vezes de procurar um ritmo adequado para cada história que viesse. Maria teria que ter olhos atentos quase insones para não deixar manifestar as displicências da alma, do coração que quer sem medida e pulsa, e pula e derruba o corpo e aliena a mente. Maria teria que encontrar o exato intenso do momento e esquecer pra crer que foi verdade e não mentira todo aquele aparato de dizer. Teria que absorver momento como fisiologia, como ar de respirar, comida de comer, cheiro de cheirar, pele de pagar, olhos de ver. Maria teria que arrumar o de ser pra viver.
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