quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Pontos nas pontas

Estava ali sob seus olhos
Acabara de encontrar
Nas pontas dos dedos

Pele, pêlos, temperatura
Tudo ali
Nas voltas
Nos caminhos sem volta
Nas pontas dos dedos

Os tum-tuns do peito
As pernas de caminhar vacilante
O engolir da saliva
A boca
Nas pontas dos dedos

O ar do respiro
O diafragma tenso
O ressonar turbulento
O giro dos caracóis
Nas pontas dos dedos

Quem diria
Que caberia
Tanta coisa naqueles pequeninos coxins
Dendritos da alma

Quem suporia
Pudessem lembrar
Cada textura
Cada burburinho
E movimento de testa
Ah! As pontas dos dedos!

Ficaram todos
Escultura viva
Escritos
Eternizados
Pontos indeléveis nas pontas dos dedos

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