quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Sexta Treze

Um pra cá, um pra lá... Dois pra cá, dois pra lá... Mais ou menos assim se deu o curioso encontro entre Lara e Juan. Tentavam dançar o forró nordestino, “amineirado” até demais. Tudo começou quando Larinha recusou conceder sua companhia, em princípio, nem tão dançante assim, a um aparentemente digno cavalheiro. Juanito ficou um tanto indignado com a recusa da moça. Então, propôs a ela dançarem, claro, depois que se beneficiasse de uma bebidinha, já que não tinha um tão bom julgamento de seus movimentos ritmados. Uma conversa um tanto inusitada, desprentesiosa, avolumou-se e a pista foi encolhendo cada vez mais. Lara e Juanito aprenderam a rodopiar feito pião.

Lara e Juanito dançavam um ritmo próprio, indefinido. Juanito era todo hormônios; Larinha, pensamentos e algumas provocações. A noite foi passando, o salão de corpos envolventes foi se esvaziando, e Juanito ansioso pelo desfecho. Chegou a hora de ir embora. Larinha e Juanito foram na frente; Terezinha, amiga de Larinha, no banco de trás do automóvel. Terezinha aportou. Larinha e Juanito seguiram, ou melhor, pararam em uma dessas ruas mal iluminadas. Aí começaram os amassos, mãos e pernas desordenados, algumas lutas, até que um grande clarão invadiu o espaço erótico-cômico; coisas da vida. Um “milita” parou rente ao vidro do condutor e solicitou a descida do vidro. Lá vinha a tal advertência, e pior, o constrangimento: “melhor vocês se dirigirem a um drive-in ou a um motel para namorar”. Juanito, antes todo tesão, teve que acomodar coisas, elogiar a ‘boa vontade’ do policial, mostrar os documentos. Graças a Deus, eles existiam.

Seguiram caminho em direção à casa de Larinha. Após o corte abrupto da cena, ficaram desanimados. Foi quando Juanito acabou de parar o carro, paralelo ao portão da moça. Pensou: já que estou aqui mesmo, melhor tentar um outro final. Iniciou-se a nova batalha. Juanito sempre abusado, Larinha recuando, recuando, até que deu a história por encerrada: olhou para fora e viu que a primeira luz do dia já se insinuava. - Melhor ir dormir! - Não...não, podemos ir para outro lugar..., sugeriu Juanito. Larinha pôs-se a descer do carro, quando Juanito fez a última pergunta: - Nunca estive por essas bandas, como faço para voltar? Larinha indicou o caminho. Juanito já sonolento e insatisfeito com o término da questão tomou a direção contrária e passou horas tentando chegar em casa. Chegou, dormiu um pouco e quando acordou lembrou-se da noite, do dia da semana, do número: treze. Coincidência ou não...conheceu Larinha naquele dia, pelejou a noite inteira, perdeu o caminho de volta para casa...Nunca mais viu Larinha.

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